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Depoimentos de pessoas que fazem a história da TV.
 
REMO MENEZES
 
As lembranças que temos da História da  

Televisão no Brasil são de seus programas,

apresentadores e artistas; mas a Televisão só
só chegou a ser uma das melhores do mundo
porque profissionais como o Sr. Remo brilhavam
nos bastidores para que o público pudesse ver o
glamour de seus astros.
Conheça sua paixão pela TV e pela música.
 
SORAYA COSTA e RENATA FIORDELISIO
 
Origem
Meu nome artístico é Remo Menezes. Eu nasci em São Paulo, sou paulista, em 1924. Sou do dia de Santo Antônio, dia 13 de Junho. Eu comecei a cantar com sete anos. Meu pai ia cantar e me levava junto.
 
Programa "Peneira Rodhine" da Rádio Cultura
Ah! O "Programa de Calouros" da Peneira Rhodine era famoso. Começou aqui no Jabaquara, depois da igreja São Judas Tadeu (São Paulo). A Rádio Cultura nasceu lá e o programa era feito na Avenida São João. O prédio tinha três andares e o auditório era no primeiro andar. Comecei a cantar no programa de calouros "Peneira Rodhine ", em 1941, na Rádio Cultura de São Paulo.
Ganhei o Peneira de Ouro, na categoria popular. De tanto cantar na Rádio Cultura, um dia o diretor falou: "Você está aqui cantando todo o Sábado, você não quer ajudar?". Então comecei a trabalhar lá. Eu fazia as inscrições. Naquele tempo, nas inscrições, se pagava 10 cruzeiros para cantar e com aquele dinheiro, a gente dividia os prêmios. O primeiro lugar ganhava 300 cruzeiros, o segundo 150 e o terceiro 50. Mas eram 100 candidatos. Foram 28 anos do programa de calouros "Peneira Rodhine". Foi o programa de calouros que mais tempo ficou no ar. Eu não tinha 20 anos. Eu fiquei muitos anos lá. A equipe técnica era: Eros Lelot, diretor do programa; Ibraim José, locutor; Remo Menezes, assistente; Cláudio de Luna, animador e José Lúcio, contra-regra.Eu ganhei o primeiro lugar e 300 cruzeiros dava para fazer uma porção de coisas. O programa era patrocinado pelo Biotônico Fontoura. E depois, terminando o patrocínio do Biotônico, foi a Casas Buri.
Programa "Peneira Rodhine" - Rádio Cultura
 
Programa "Peneira Rodhine" na Rádio Cultura
 
Caravanas de Shows de Calouros
De tanto ficar lá, organizei uma caravana com os melhores calouros que tinha no programa "Peneira Rodhine". Durante a semana um amigo nosso ia no ponto dos músicos, lá no Paissandu, e arrumava um circo ou um clube para fazer o show. Depois do programa, a gente tinha uma perua fornecida pelas Casas Buri que levava todo o pessoal. Iam todos esportivamente. As Casas Buri davam uma verba para dar o lanche para o pessoal depois do Show. Andava por São Paulo, ia para o interior. Até em Belo Horizonte andei viajando, na Rádio Guarani e na TV Itacolomi. A minha caravana durou bastante tempo, uns quatro anos. Recebia 15 mil cruzeiros por mês de ajuda de custo, era praticamente quase nada. Com aquela ajuda de custo, pagava a gasolina da perua e terminado os shows, íamos em um bar ou lanchonete e todo o pessoal comia sanduíche, guaraná. Esse era o cachê. Não podia dar dinheiro para cada um. Uns trocadinhos eu sempre ganhava! Eu que dava a idéia para realizar as coisas e apresentava os shows. Um dia o Silvio Santos foi lá na Rádio Cultura, não sei o que fazer e me disse: "É você que faz a caravana Buri?", eu confirmei e ele retornou: "Você tem tirado o meu público!". Foi a primeira vez que falei com o Silvio... em 1966, 67.
 
Programa "Peneira Rodhine" - Rádio Cultura
Programa "Peneira Rodhine" na Rádio Cultura
 
Caravanas de platéias
Hoje está bem diferente, os programas tem caravana contratada. Você não vai esporadicamente assistir. Você tem o ônibus, o lanche e agora é a moçada que vai. Têm os ônibus que vão levar e buscar. Tem as coordenadoras que tomam conta da turma. Antigamente, na Rádio Cultura, os programas começavam às duas horas da tarde e iam até às cinco. Dez da manhã tinha uma fila que ia até o Largo do Arouche. Antigamente, o público era espontâneo, agora tem que buscar. Bom! A platéia era bem diferente de agora. A maioria das pessoas eram mais bem vestidas. Jovenzinhos de paletó e gravata... se vestiam bem! Não existia a tal de calça jeans!
 
Rádio Excelsior
Tinha o programa "Cantor da Cidade", na Praça da República, em São Paulo. Patrocinado pela Rádio Excelsior e patrocinado por uma pasta de dente. O apresentador era o Walter Ribeiro dos Santos. Você cantava, depois os ouvintes mandavam um voto, neste voto tinha que ir com a caixinha da pasta de dente. Eu tirei o segundo lugar e saí no jornal "Folha da Manhã", em 28 de Abril de 1951. O primeiro lugar foi para o Francisco Egídio, ele cantava bem.
 
Programa "Cantor da Cidade" - Rádio Excelsior
Programa "Cantor da Cidade" - Rádio Excelsior
 
Rádio Tupi
Em 1963, fui assistente do programa "Calouros Buri". Os prêmios eram corte de vestido, de camisa e mais prêmios em dinheiro. "Festa na Roça" era um programa sertanejo da Rádio Tupi. Eu trabalhava com o João Rosado que era o diretor. Eu fazia a montagem do programa. Eram duplas sertanejas e humoristas. Isso em 1965.
 
TV Cultura
Na televisão foi o seguinte: quando foi fundada a TV Cultura, os primeiros programas foram no auditório da Avenida São João. Então, eu estava com o diretor e fui junto. Fui assistente do programa "Revelações Cultura", programa de calouros patrocinado pela Lorenzetti. Era apresentado pelo Edson Bolinha Curi, que ia caracterizado de cartola... ele inventava!
Remo na TV Cultura Era transmitido aos Domingos, às 18h30. A TV Cultura encerrou os programas de auditórios na avenida São João, em 1967. Fui coordenador do "Clube Papai Noel", programa infanto-juvenil apresentado por Homero Silva. Eu selecionava as crianças e montava o programa todo na máquina de escrever. Depois apareceu lá um produtor de programa infantil, Geraldo Rodrigues, que ainda trabalha. Ele faz "O Forno e o Fogão", programa de televisão de comida. Ele me convidou para coordenar um programa de crianças. Eu fazia as inscrições das crianças e fui ficando... Isso foi, mais ou menos, em 1960. O programa infantil era "O dois é nosso", as crianças cantavam, dançavam... era bem diferente dos programas de hoje.
TV Cultura de São Paulo
 
 
TV Excelsior
Coordenei "Novelândia", programa infanto-juvenil do Geraldo Rodrigues e o "Show do Meio-Dia" que era animado pelo Hugo Santana. Na década de 60, eu participei como calouro e até ganhei!
 
Remo na TV Excelsior
TV Excelsior
 
TV Tupi
O auditório do canal 4 era na Rua da Consolação, perto do cinema Bela Vista. Era o auditório da TV Tupi. Eu coordenava o programa de calouros. Coordenei o programa "Calouros Pinga-Fogo" e o programa infantil do Canarinho (que hoje trabalha na "Praça da Alegria"), "Clube Tupi-Mirim". Quem era o maestro lá, era o Záccaro.
 
TV Bandeirantes
"TV Canal Um" era o nome do programa infanto-juvenil. Quem dirigia era o Geraldo Rodrigues que era o produtor e eu era o coordenador do programa. Tinha o maestro José Biancardi que acompanhava as crianças. Criança, a gente não pode selecionar, né? A inscrição era feita pela mãe que achava que o filho cantava bem. E só haviam crianças boas. As crianças iam cantar, algumas tocavam e outras iam dançar.
 
TV Gazeta
Trabalhei no canal 11, TV Gazeta, no Programa Dárcio Campos, era um programa infanto-juvenil.
 
SBT
Quando eu comecei a cantar na organização Víctor Costa, no programa de calouro, o coordenador e produtor era o Luciano Callegari. Agora ele é diretor da Rede Record. Eu era muito amigo do Luciano Callegari. Ele, então, me convidou para fazer o programa de calouros do Silvio Santos, na rua das Palmeiras e fui para lá em 1969 como coordenador. A primeira final de calouros do Programa do Silvio Santos que eu participei foi quando eu comecei, dia 15 de Junho de 1969, no ginásio do Pacaembu. Ele sempre fazia a final lá. Eu acompanhei o Silvio Santos desde a TV Globo, ali da praça Marechal Deodoro. A minha sala era no prédio da rua Ataliba Leonel, tinham várias salas e a minha era lá no andar de cima. Na hora que eu descia para ver qualquer coisa, o pessoal da técnica: "Ah! Canta aí! Canta aí!", o pessoal técnico pedia para eu cantar para testar o som. O coordenador é quem organiza, faz tudo. Era assim: tinha a inscrição de uns cem, cento e cinqüenta calouros. Mas tinha uma seleção. Ia gente ruim pra caramba. Cantava que Deus me livre! É duro falar, viu? Mas, às vezes, o cara ficava lá na porta e perguntava: "Por que o senhor me reprovou?". No programa de calouros do Silvio Santos, todo final de ano tinha uma seleção e vinham calouros do Brasil todo. Os classificados sentavam nas poltronas com seus nomes, notas dadas pelos jurados, cidade de origem dos candidatos. Nós tínhamos no programa Silvio Santos além dos calouros, uma seção que fazia o lançamento do disco de algum cantor. Gravou o primeiro disco, ia lá, a produção ouvia o disco e colocava no programa. O primeiro disco do Silvio Brito foi lá. O Silvio Brito falou um dia desses que aquela música, "Está todo mundo louco", foi lançada lá no Silvio Santos.
 
Inundação do SBT
A inundação do estúdio Silvio Santos, na Vila Guilherme, foi em 1980. Nós saímos quase nadando lá de dentro. Estragou tudo. Nessas chuvaradas que tem por aí, em São Paulo, entrou água lá e estragou tudo. Tivemos que começar tudo de novo. A minha sorte, é que cada programa que eu fazia, trazia uma cópia para casa. Por isso que eu era muito considerado, lá. Com as minhas cópias, nós voltamos a fazer como era. Mas estragou tudo: móveis, arquivo, máquinas... Tudo, tudo, tudo!
 
Seleção dos calouros no SBT
Nós tínhamos uma sala com piano e o maestro Zezinho que ainda está aí com o Silvio Santos, tocava. Eu tinha a relação dos candidatos, chamava, encostava no piano e eu perguntava: "O que você vai cantar?", a pessoa respondia e então eu ouvia e fazia uma numeração. De acordo com a numeração ou era bom, ou era ruim. A pessoa aguardava e quando chegava no fim do ensaio, a gente sabia quem servia e quem não servia e então chamava mais ou menos uns quarenta para participarem do programa. O Silvio Santos mandava fazer a turma A que era boa e outra CG, abreviação de "Com o Gongo". Nessa turma eram escolhidos uns vinte, trinta. E ele gozava os caras. De vez em quando na televisão me chamava: "Ô Remo! Vem cá! O que aconteceu com esse calouro aí?". Aí eu olhava para ele e respondia: "Ele foi lá ensaiar... era bom...". Só de brincadeira, mas ele gozava as pessoas. Pessoas tão ingênuas que, às vezes, nem percebiam. Alguns ficavam bravos! Uma vez, quando saí da televisão, eu tive que correr. Um cara queria me pegar. O programa era aos Domingos e ao vivo. Não tinha gravação. Eu entrava às oito e saía à noite, oito ou dez da noite. Ficava até o fim.
 
Silvio Santos e Remo
Silvio Santos e Remo Menezes
 
Calouros que se tornaram cantores famosos
O Jair Rodrigues foi um dos calouros que eu peguei na Rádio Progresso, na Liberdade. Eu fazia um programa de calouros com o Antônio Aguiar. Uma vez, ele me convidou para ser jurado lá, aí o Jair Rodrigues apareceu por lá, cantando bolero. Ele era cantor de bolero e eu o levei para a Rádio Cultura, porque eu tinha o programa de calouros lá... Foi aí que ele começou. Mas tiveram mais calouros que se tornaram cantores conhecidos: Djalma Pires, Carmen Silva, Ângelo Máximo... Tem uma porção de calouros que passaram por mim, até o ex-prefeito de Osasco, Francisco Rossi, cantou lá!
 
Remo Menezes e Jair Rodrigues
Remo e Jair Rodrigues
 
Histórias de calouros
Programas de calouros eram a minha especialidade. Eu selecionava os calouros. Uma vez eu fui chamado pela Justiça do Trabalho. Teve um calouro que faltou no emprego para cantar. Perdeu o emprego. Ele falou onde ele tinha cantado para provar e eu fui chamado pelo Ministério do Trabalho para testemunhar a favor dele contra a firma. Eu sempre me emocionava quando ouvia um calouro cantar bem! Eu tive um calouro que era descendente de uma tribo africana. Ele era príncipe de uma tribo da África. Ele cantou uma vez, duas e me deu o cartão... tenho ainda guardado. Tenho tanta coisa que na hora que vou procurar tenho que chamar São Longuinho para poder achar.
 
Os calouros de hoje
Agora, a televisão é bem diferente do meu tempo. Bem diferente. Eu não gosto muito desses cantores de agora, não. Eles se dizem sertanejo, mas não são. Eu acho que a música brasileira é o canto seresteiro. Eu conheço música, mas música antiga.
 
Trabalhar com o Silvio Santos
Ele é muito rígido. Toda hora o Silvio mudava o nome do programa: "Campeonato Brasileiro de Calouros", "Calouros e Silvio Santos", "Talentos Anônimos", sempre mudando... Todo ano tinha programa carnavalesco e a gente apresentava os cantores com música de carnaval e quem vencia, recebia um troféu. Inclusive eu tenho um que recebi. Mas eu não cantava em carnaval. O Silvio não me deixava cantar. Enquanto eu trabalhava com o Silvio Santos, não cantava. Depois que eu saí do Silvio, eu comecei a fazer seresta. Antigamente, quando ia fazer um programa, tinha que fazer um script. Eu tirava as cópias no mimeógrafo e cada um recebia uma cópia. E o Silvio era muito esquecido. Ele perguntava uma, duas vezes o nome da pessoa. Eu dava para ele o script, às vezes, ele perdia. Não sabia onde estava. Então eu que idealizei este negócio de ficha. Se você vê essas fichas que tem nos programas, modéstia a parte, eu fui o primeiro ou um dos primeiros a fazer aquilo lá. Então eu pegava um cartão e botava tudo: o nome das pessoas que iam participar... Ele colocava o cartão no bolso e nunca mais perdeu. Foi daí que começou a crescer esse negócio de cartão. Antigamente era papel. Eu entrei no Silvio Santos em 1969... comecei a fazer isso em 1972 ou 1973. Achei que era melhor porque se ele perdesse, eu tinha outra cópia. Eu fazia sempre duas cópias. Então, aqueles cartões que você vê, programa Hebe Camargo tem cartão, programa Raul Gil tem cartão... Aquilo foi uma idéia minha que começou em 1970 e pouco. O Silvio brincava muito comigo e com o Valentino. Uma vez, a tal da ficha, às vezes a máquina falhava um pouquinho, um R ou S ou qualquer coisa... um ponto e ele falou comigo: "Seu Remo, cadê seu Remo?" e eu entrava: "Pois, não!", "Seu Remo, que negócio é esse aqui? O que está escrito aqui, o que aconteceu?". Uma vez acabou a força e tive que botar uma vela lá. "Ah! Isso aí foi a vela!", "Que vela?", "Ah! Acabou a força e acendi uma vela e não deu para enxergar direito". Mas ele, de vez em quando me gozava, viu? Lembra aquela propaganda que saiu da Cônsul? Põe na Cônsul? Um dia ele me chamou só para reclamar, brincar comigo. E ele falou assim: "O que eu faço com você?", "Bota numa Cônsul". Ele falou: "Você vai pagar esse comercial". O negócio no Silvio Santos é o seguinte: ele tem que ir com a cara. Se o Silvio não for com a cara... Mas ele sempre me respeitou. Qualquer errozinho... ele fala na hora, mas não no ar. Quando a gente fazia um piloto... Um piloto é o seguinte: era uma espécie de um ensaio do programa. Mas era gravado. Então estava tudo pronto, chamavam-se as pessoas, gravava. Depois ele levava para a sala dele lá nos fundos, botava no vídeo para ver alguma coisa... "Esse eu não quero!", "Corta isso". O piloto era para ver o que ia para o ar. Se não gostasse, dava bronca.
 
Despedida do SBT
Mas, modéstia a parte, trabalhava muito, viu? Eu fazia muitas coisas lá. Eu montava os programas de calouros. Naquele tempo, não tinha computador nem nada. A gente fazia tudo no mimeógrafo. Batia na máquina de escrever e passava no mimeógrafo. Era duro, viu? E o meu salário foi ficando pequeno. Trabalhei no SBT até 1983. Saí porque fiquei aborrecido lá. Pedi demissão. Teve uma época lá que o Silvio estava selecionando estudantes. Ele queria dar oportunidade para os estudantes na produção. Mas como eu já tinha uma certa idade... Então, naquela ocasião eu ganhava 500 cruzeiros. Pedi aumento e não davam, porque eles colocavam os estudantes para aprender e eles ganhavam mais do que eu. Eu quase 20 anos de casa, pô! Para dar um aumento não dava. Daí pedi as contas. Daí o Silvio perguntou por que eu ia embora. Tinha um costume lá. Tinha uns 3 ou 4 lá, produtores do programa, cada um tinha o seu programa. Às vezes, se encrencava com o Silvio e pedia demissão e ele: "Não, não vai embora!". Eu fiz o mesmo voto para ver se ele me valorizava, mas não deu certo, fui embora! Saí de lá! Daí fui para o Raul Gil. O Silvio Santos nunca fala diretamente com os funcionários. Cada diretor de programa que tinha sua responsabilidade. Até dei uma cartinha para o diretor e eles acharam tanta graça que me deram 50 cruzeiros de aumento. Só por causa do modo que escrevi a carta.
 
Inovações
O Silvio tinha diversos programas, então ele queria saber a audiência que dava. Não saía na revista ou no jornal, então fiz um esquema, espécie de um índice de produção: 10%, 20%... Então, eu mandei fazer um quadro com a tabela, só para o programa de calouros. Dia tal, deu tantos. Fazia em vermelho e preto. Um dia o Silvio Santos foi lá, entrou na sala: "Quem foi que fez isso?". Daí um outro: "Foi o Remo que inventou isso aí". Pegou a minha mão: "Meus Parabéns! Todas as sessões eu quero igual". É! Era dado semanalmente! O programa do Silvio era uma vez por semana. Era 10%, 20%, e uma cópia para ele no escritório dele. A única coisa é que ele podia ter me dado, era um aumento. (risos). Mas não deu nada! Muita coisa eu inventei. Você tinha que ver o arquivo que fiz lá e que jogaram fora quando fui embora. Eu ainda tenho uma pasta com os primeiros programas de calouros que eu fiz quando era o "Cuidado com a Buzina" com aqueles carrinhos de calouros que eram classificados e sentavam no carro. Eu fazia o nome do calouro, a nota, quanto foi o pagamento, quanto foi pago naquele programa, tem tudo aí. Toda semana, eu fazia o quanto foi pago de prêmio pelo programa. Eu fazia junto com o Luciano Callegari, porque eu fui ser o seu secretário. Os jurados desse programa eram Décio Piccinini, Henrique Lobo e José Fernandes.
 
Luciano Callegari
Olha, o Luciano Callegari, hoje ele está na TV Record. Ele trabalhou muitos anos com o Silvio. Antigamente não registrava e quando eu entrei, também não registrava. Ele precisou fazer a aposentadoria, daí telefonou para mim: "Ah, Remo! Você que gosta de colecionar coisas antigas, tem uns negócios meus, aí?" Peguei as revistas que tinha o nome dele, tudo, dei à ele. Ele conseguiu a aposentadoria. Ele está aposentado, mas ele trabalha. Para conseguir a aposentadoria, teve que recorrer às revistas. Tem data, tudo.
 
Lombardi
O Lombardi é muito convencido. Aquele negócio dele não aparecer é mais para ficar misterioso. O Lombardi era locutor da Rádio de Santo André, do ABC. O Lombardi foi num programa da "Cidade contra Cidade" e o Silvio gostou dele e o contratou. Fez isso também com o Sérgio Mallandro. O Lombardi acho que veio de Araraquara. Se o Silvio gostar, está feito! Também, agora, se ele não gosta... tchau, mesmo! Até amanhã!
 
Valentino
Ele entrou no programa do Silvio Santos convidado pelo Luciano Callegari. Ele fazia comigo o programa dos calouros. Eu entrei em 69 e ele entrou em 75 ou 76, por aí. Comigo não tinha problema, mas ele era nervosão. O Valentino, antes de vir para o Silvio Santos, trabalhava na Bandeirantes. Aquele famoso incêndio da TV Bandeirantes, ele era funcionário lá. Ele trabalhou demais no incêndio. Depois ele veio trabalhar com a gente no "Calouros". Ele fazia a parte do "Vale Tudo", coisas diferentes que ele selecionava.
 
Gugu
Eu fui o secretário do Gugu, no SBT. "Domingo no Parque" era um programa com escolas. As escolas se inscreviam, eram da prefeitura, escolas estaduais. Então, a gente tinha uma equipe, perua e tudo. As escolas participavam no Domingo de manhã. Uma escola contra a outra. Mas antes, durante a semana ia uma equipe nossa lá nas escolas junto à diretoria das escolas, já selecionava as crianças que queriam participar. Então o pessoal que ia lá, mostrava as provas que iam ser realizadas no programa. Então, eles ensaiavam com as crianças. E os prêmios que a gente dava eram brinquedos, tênis. Nesse programa, o Gugu era o produtor, mas antes ele foi office-boy no SBT. Ele entrou depois de mim. O Gugu me quer bem. Outro dia, fui no programa dele e ele foi lá me abraçar. Gozado! Me arrependo, viu! O Gugu me convidou para o programa dele e eu não quis só porque ele quis me dar só 500 cruzeiros: "Eu já ganho isso no Silvio e você quer me dar 500?" Até hoje, o meu assistente, é o coordenador dele, o Carlinhos. Eu sou teimoso.
 
Raul Gil
Saí do SBT e fui trabalhar com o Raul Gil, 1983. Programa Raul Gil, TV Record, Canal 7, "Caminho da Fama" era o nome do programa de calouros. O Raul Gil foi o meu calouro na Cultura. Estive num show lá no Elimar Santos e ele: "Esse daí é o que faz a inscrição..." Eu fiquei louco da vida!
 
Família artista
A minha filha Vera Lúcia foi vencedora em 1972 do "Show de Calouros" do Silvio Santos e recebeu o prêmio de 15 mil cruzeiros. Uma nota! Deu para comprar uma porção de coisas. Depois o Silvio colocou-a no programa "Qual é a Música?", ela trabalhou 7 anos com ele. Agora ela canta na noite. Eu conheci minha esposa no programa do Machadinho na Rádio Cultura, ela também era caloura.
 
A filha Vera Lúcia e Silvio Santos
 
Televisão, um sonho
Hoje, eu canto seresta. Ah! Se me dessem uma chance, eu fazia alguma coisa. Mas com essa idade não dá. Eu sou funcionário público federal aposentado. Eu trabalhei no Silvio Santos, no começo meio período, depois que eu me aposentei lá no serviço público, fiquei o período integral no Silvio Santos. Eu ganhava só cachê. Eu só vivo da aposentadoria. A gente vai levando. Televisão está bem diferente do meu tempo. Às vezes, gosto de ver o programa do Silvio porque me dá uma saudade... Vou contar uma coisa. Você não vai acreditar! Saí de lá em 84 e estamos em 2002. São 19 anos. Cada quinze dias, sonho com o Silvio Santos. A cada quinze dias... Essa noite ainda sonhei com ele me chamando. Uma hora ele está me chamando para trabalhar e na outra, me mandando embora. Mas eu sonho. Já até falei com uma pessoa que entende de sonho. Me disse que isso daí é psicologia. Você não esquece de onde trabalhou. Sonho... Se fosse uma loira ou mulher bonita, eu não sonhava tanto, né? (risos)
 
A arte continua...
Remo Menezes cantando serestas
Atualmente, sou apresentador e cantor de serestas no Nosso Cantinho - Grupo da Terceira Idade, na Biblioteca Viriato Corrêa, no Bairro de Vila Mariana, onde estou há dez anos e também sou o 1° secretário. Faço parte também, há 8 anos da diretoria do Movimento Poético Nacional como Diretor de Cerimônias. Sou apresentador dos eventos desse grupo litero-musical participando, também, como cantor seresteiro.
 
 
 
 
 
Remo Menezes cantando serestas
 
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