REALIZAÇÃO
HOME
DEPOIMENTOS
HISTÓRIA DA TV NO BRASIL
TV POR ASSINATURA
TELENOVELA
PRODUÇÃO
FALE CONOSCO
Depoimentos de pessoas que fazem a história da TV.
 
RICARDO CÔRTE REAL - Segunda Parte
 
A Televisão marcou sua vida.
Ricardo, pai, mãe e irmão, transformaram a TV na corte dos Real.
Juntos, viveram televisão 24 horas.
Ele é ator,apresentador, músico, compositor, escritor e um grande Homem de Marketing.
Convido todos a uma viagem maravilhosa pela vida desse grande amigo, Ricardo Côrte Real.
MAURICIO VALIM
 
A MTV era uma emissora de TV a cabo americana
Ela tinha cerca de 50 milhões de assinantes na época. E aqui no Brasil, só ia pegar em UHF, porque não tinha cabo. O universo da TV a cabo era insípido. No Rio de Janeiro, a MTV entrava pela TV Corcovado, VHF, canal 9. Aqui em São Paulo, era canal quarenta e pouco, não me lembro qual. Então, a gente fez uma campanha muito grande para vender as anteninhas.
Tinha que vender antenas. Era uma das promoções que a gente oferecia para os anunciantes, mas sem sucesso, era uma promoção incrível: a MTV e o anunciante distribuiriam de graça as anteninhas com o formato do produto, por exemplo, as do MacDonald’s tinham o formato de sanduíche, com a embalagem e o logotipo. Imagine um milhão de sanduíches em cima da televisão dos jovens brasileiros. O UHF era muito usado no interior, mas em São Paulo era novidade, e a gente lidava com jovens… e jovens são malucos. Então, o que teve de garoto fazendo antena com cabide de arame do tintureiro, improvisando para poder pegar a sua MTV, era uma coisa de louco... lâmpada fluorescente... os caras inventavam! Então tudo isso era difícil, era uma aventura realmente... Quem acreditou na idéia, se deu bem. Você vê, hoje a MTV é um sucesso. Inclusive comercial. Tinham pouquíssimas emissoras UHF. A MTV foi abrindo brecha numa mata, mesmo. E quando eu saía para vender, falava: "Estou te vendendo um conceito, estou te vendendo um futuro, estou oferecendo uma chance à você de se associar à um projeto que vai ser vencedor, sem dúvida!
Não tem como não ser vencedor, esse projeto". Acho que era muito por aí a venda. E outra coisa, nós oferecíamos um envolvimento com a emissora, que nenhuma outra emissora tinha.
Você vai estar ligado ao jovem de uma maneira que ninguém vai estar. Outra coisa que a gente fazia, a gente colocava os filhos dos anunciantes nos anúncios da MTV. Convidava para as festas. Tinha um esquema de distribuição de camisetas, de brindes, de eventos de shows.. ela era muito bem vendida. Esse foi um belo trabalho. Fiquei lá dois anos também.
 
Comerciais
Eu estava na MTV ainda, quando participei de um teste com oitenta atores e peguei a campanha das Pernambucanas. Virei o gerente das Pernambucanas. Então durante dois anos, fiz mais de cem comerciais e eventos para as Pernambucanas. Quando eu fechei com a Pernambucanas, saí da MTV e montei o meu escritório, o Côrte Real - Escritório Informal, onde eu só pretendia vender projetos que eu acreditasse. Vendi o patrocínio do Primeiro Bicicross Indoor do Brasil para o Banco do Brasil, e o evento foi um sucesso! O Marcelo Bretas da Pinus construiu uma pista com toneladas de terra e muita madeira dentro do Ginásio do Ibirapuera.
Depois fechei uma participação de Nescafé na peça Tamara, um espetáculo que acontecia dentro de uma mansão em que o publico acompanhava os atores, jantava e…bebia Nescafé.
Novamente fui convidado para participar de um teste, dessa vez com quatro atores e "levei" a apresentação do "SuperMarket", gameshow que a CFM trouxe para o Brasil e que foi co-produzido com a TV Bandeirantes. Durante um ano, acumulei o trabalho com a Pernambucanas e com o "SuperMarket", até que acabou o contrato com a Pernambucanas, de dois anos.
Depois disso, continuei com o SuperMarket por mais cinco anos.
 
SuperMarket
Foram cinco anos na Rede Bandeirantes e 1.276 programas "SuperMarket".
Acho que foi o primeiro programa de merchandising explícito na TV.
Eu não disfarçava e virava o rótulo da garrafa para aparecer…
O programa era sobre produtos, se passava dentro de um supermercado que é onde você encontra mais produtos na sua vida, e era um programa de teste de conhecimentos sobre aquêles produtos. Quem soubesse mais sobre os produtos, poderia se dar muito bem nêsse programa. Respondendo as perguntas, o participante ganhava pontos. Os pontos se convertiam em tempo, com o tempo o participante "comprava" produtos para colocar no seu carrinho.
Quanto mais produtos viessem no carrinho, mais chance de chegar ao último estágio do programa que era uma charada sobre três produtos que descobertos dariam quatro mil dólares de prêmio ao vencedor. Não é lindo isso? Então alí ninguém enganava ninguém. O supermercado foi feito dentro do estúdio. Ficou no estúdio B da Band durante uns dois anos. Depois a gente teve um período de seis meses num outro estúdio. E daí, o resto de tempo, na Domingos de Moraes, em uma galeria. Era um calor... meu Deus do céu! No programa aconteciam histórias engraçadas, testes, coisas emocionantes, pessoas que choravam quando ganhavam. Algumas duplas quando ganhavam, vinham correndo e me abraçavam, me jogavam para cima, caía lata no chão…
Uma vez, eu não me esqueço, foi com um cameraman gigante. Tinha uma parte da corrida que os cameramen vinham com aquelas engs, correndo atrás dos caras, para focalizar os carrinhos... Então saíram três carrinhos e três engs. Tinha trombada, tinha tombo. Um dia esse grandão vinha vindo e... Boom! Caiu no chão. Ele caiu com a câmera e tudo foi gravado. E a gente colocou o tombo no ar. Tinha muita trombada, era muito engraçado. Eu fazia tudo para os participantes ficarem à vontade, porque eu sabia que a maior dificuldade dos participantes era estar num ambiente totalmente diferente... Luzes, cenário, competição, câmeras... Todo um ambiente diferente. Então o que eu tentava o tempo todo, como apresentador e mediador do programa, era tentar deixar as pessoas a vontade. Antes do programa fazia brincadeiras, sempre fazia o máximo para relaxar e falar... Uma das frases que eu mais ouvia no programa era: "Puxa! Mas lá em casa eu acertava tudo!". Claro! Em casa você está calmo, você está de frente para a televisão... você não está na televisão... é diferente, né? No final do programa eu abraçava as pessoas, eu tenho essa coisa que é minha mesmo... Nas pesquisas que a gente fez, isso foi bem legal, um dos itens que sempre entrava era que o Ricardo passa carinho para as pessoas. Então eu conseguia passar pela televisão de que eu era uma pessoa carinhosa, uma pessoa que trata bem as pessoas, independente de estar no cargo de apresentador, ou de diretor, o que seja. Então isso fazia com que as pessoas gostassem de participar do programa independente de ganhar ou perder.
E quando eles ganhavam, eles queriam me jogar para cima!
 

Público

É realmente muito pessoal. O cara pode até fazer isso profissionalmente.
Eu tenho que me relacionar com o público e para mim isso não é uma obrigação.
Porque além de eu achar que é uma coisa importante para o meu trabalho, é importante para mim como pessoa. Como é que é... "Eu não sei viver sem ter carinho, é a minha condição..." Eu gosto de tocar e desde criança, meu irmão me conta essa história, e eu me lembro um pouco também, que a gente ia ao cinema, matinê, aquela coisa de moleque. O meu pai, minha mãe e meu irmão ficavam sentados bonitinhos ali na platéia. Eu já saía correndo pelo cinema, conversava com as pessoas... eu ia de cadeira em cadeira... Eu tenho essa coisa desde moleque. Eu adoro tocar o público, falar com o público. Podem ser três pessoas, podem ser oitocentas, podem ser mil... Enfim, eu gosto disso. Eu gosto de sair na rua, conversar.
 

Ricardo antes... e depois

Graças a Deus a gente vai mudando o tempo todo, ao mesmo tempo em que mantém algumas coisas... O Ricardo dos 18 anos estava saturado de televisão e pondo em xeque a coisa de ser famoso. Eu tinha essa coisa de adolescente ou pós adolescente que pensa que está virando adulto. Mesmo com os meus 15 ou 16 anos pensava: "Será que essa pessoa está chegando em mim porque sou o Sócrates ou porque ela está vendo o Ricardo por trás do Sócrates e quer conversar com ele?". Embora fosse impossível ser completamente anônimo, eu cheguei a ter a experiência de ser um cara quase anônimo durante dez anos. Então, os dez anos que eu fiquei fora do ar foram muito bons para consolidar o Ricardo, ou pelo menos a imagem que eu gostaria de ter dêle.
Eu já me considerava privilegiado desde o primeiro momento em que me dei por gente, pelo fato de estar na casa onde eu estava. Pela família que eu estava... Putz! Que legal! Que pai bacana, que mãe bacana... Então eu cresci já achando que a vida era boa. Quando eu comecei a trabalhar e ficar famoso, achei que era melhor ainda. Mas aí com 16 ou 17 anos ... a "Família Trapo" na adolescência, foi um período bravo. Imagine, só! Você entrar na adolescência e ficando famoso... Putz! Ganhando dinheiro, tudo! Dos 15 aos 18... Vai segurar... nem sei como eu segurei também. Com certeza foi muito importante ter aquela família, aquela base. Se eu fosse famoso, mas solto, sem pai e nem mãe, ou com pais fracos... Eu não. Eu pertencia à uma família de artistas super rigorosa e amorosa ao mesmo tempo. Meu pai era super cristão, a minha mãe também. Tinha uma coisa de ética, de responsabilidade, de honestidade, tudo permanente no meu ambiente, então por mais que dissessem que eu estava num ambiente promíscuo, essa imagem que muita gente ainda faz da televisão, o fato de eu ser da família que eu era também me ajudou muito a segurar a barra e não ficar deslumbrado, não ficar achando que eu era o rei da cocada, nem nada. Eu sabia da importância do meu trabalho e do programa onde eu estava inserido, mas eu sabia também do tamanho do meu personagem em relação aos do Zelloni, Golias, Jô, Renata e Cidinha, artistas talentosos e muito mais experientes do que eu.
 
HBO
Depois do SuperMarket, fui convidado para montar o departamento comercial da HBO Brasil.
Montei o departamento, contratei a equipe, fizemos eventos de lançamento e colocamos o bloco na rua. Eram seis canais para comercializar: HBO, Sony e Warner, os mais famosos, e Cinemax, Mundo e o E! Entertainment, não tão famosos, mas ótimos canais, embora difíceis de vender na época. Já estava se tornando quase que uma regra eu só receber propostas para trabalhar produtos difíceis de vender. Mas teve momentos muito bons essa experiência, um dêles com o Dorian Sutherland, que era um dos diretores: "Ricardo você precisa fazer um programa sobre o mercado publicitário para colocar na Sony". A idéia ficou arquivada, até que pintou o festival de Cannes, ao mesmo tempo que uma proposta da Fischer para montarmos um stand da HBO dentro da feira montada no Louvre em Paris para promover o Brasil. Eu voltei ao Dorien que aprovou a proposta, e fiz um programa especial sobre o festival de Cannes. Também só foi esse porque logo depois que ele foi para o ar e eu fui para o espaço e saí da HBO.
Alguns meses depois, participei de uma reunião com uma produtora que tinha um projeto de programa focado em propaganda que me pareceu muito adequado para a Sony. Promovi o encontro das partes e o programa já está em seu segundo ano com sucesso no ar, é o Avesso.
 
Desejo do desafio
Tem uma imagem que é bonitinha, mas eu não sei se quem a faz, faz só para me consolar… dizem que eu sou o semeador e não o colhedor. Eu semeio e os demais colhem. De qualquer forma, a coisa de lançar é muito vibrante. É uma coisa que me dá prazer, óbvio. E também eu devo ter competência, senão, não me chamavam tanto para fazer esse tipo de coisa. Talvez seja essa disposição que eu tenho para o desafio permanente... Estar sempre me colocando num lugar que tenha palco, que tenha público e fazer essas pessoas comprarem uma idéia, o teu talento, a tua piada, ou tua música... Não sei! Estou colocando a questão a partir desse papo aqui.
 

Produtora Mega

Quando saí da HBO, fui passar o Natal em Portugal. Pensei: "Dane-se, vou passear..."
E fiquei cinco meses naquela de o que eu vou fazer, o que eu não vou fazer... Fiquei tocando, fazendo uma convenção aqui e outra ali... Um comercial ali, avulso... aquelas coisas. E daí pintou um cara de quem sou amigo até hoje, o Phillipe Neiva. Ele é do Rio de Janeiro e estava em São Paulo montando um esquema para competir no mercado de finalizadoras de cinema e vídeo, além de produções de áudio, a Mega. Ele precisava de uma pessoa de São Paulo para trabalhar em atendimento e eu falei: "Olha, atendimento não é exatamente o que eu quero fazer. Eu gostaria de pensar o marketing da tua empresa. Eu vou até te ajudar no atendimento, porque o marketing vai vender a imagem da empresa, as pessoas vão procurar o atendimento e de certa forma eu vou estar junto para ver se estamos atendendo de acordo com o que está sendo prometido.
Mas não quero ser responsável pelo atendimento". Daí eu fui contratado com diretor de marketing dos estúdios Mega. Nossa! Os caras são espetaculares... cada vez melhor...os caras são demais!
Têm dinheiro, gostam do assunto, investem pesado... E tem um cuidado muito grande com a qualidade. De novo fui para Cannes, co-patrocinamos o Cannes Prediction aqui no MASP, depois uma festa para os criativos em Cannes, em parceria com o Jornal Valor e a GloboSat, anunciamos no M&M, Revista Propaganda, na TV Cultura, na American Cinematographer, no Lions Daily.
Colocamos o nome Mega no circuito dos criativos das agências e dos profissionais de marketing das empresas. Acho que foi bom para eles também, como foi bom para mim.
Mas…quase dois anos depois de entrar na Mega, pintou um convite da Rosana Hermann para participar do seu programa, o "Via Satélite", na Rede Mulher. E quase no final da entrevista, ela olhou para a câmera e falou assim: "Diretores de televisão, como é que o Ricardo Côrte Real pode estar fora do ar?". Porque desde 98, quando terminou o "SuperMarket", eu não tinha feito mais nada. "Como é que o Ricardo Côrte Real pode estar fora do ar, se ele é bom... é isso... é aquilo..." E vendeu o meu peixe lá, ao vivo!
Os diretores de televisão não se manifestaram, e eu continuei o meu trabalho no marketing da Mega.
 
Rede Mulher
Até que um belo dia me chamam na Rede Mulher, e falam: "Olha, estamos procurando um apresentador para substituir a Rosana Hermann. Como ela falou bem de você no ar, achamos que pode dar certo". Eu achei legal, mas disse que eu ia conversar com a Rosana antes de aceitar. Nessa época eu escrevia para o site dela, o Farofa. Ela me deu a maior força e eu peguei.
E ainda continuei na Mega, porque era de segunda à sexta, à noite e ao vivo. Falei com o Phillipe e ele falou: "Manda salsa". Eu me diverti muito apresentando o Via Satélite. Conheci muita gente diferente de diferentes áreas ( eram quatro entrevistados por noite, ao mesmo tempo ). Eu ia com umas baquetinhas que eu tinha no estúdio, alguns convidados levavam violão, e no fim todos os convidados acabavam cantando, e eu acompanhando com as minhas baquetinhas…
Pena que acabou logo, foram só dez meses, 170 programas mais ou menos, mas foi muito bom! Aprendi muito com esse programa, foi muito bom ter feito, tanto que eu quero mais!
 

Ser conhecido ajuda nas vendas?

Pode até ser. Acho que tem isso. Desde o começo... os caras me chamavam para lançar as coisas. Quando alguém ligava para marcar reunião, levava um tempo, aquela coisa, e quando eu ligava: "Oi, aqui é o Ricardo Côrte Real, eu queria marcar uma reunião...", o mínimo que o cara tinha era a curiosidade de saber quem sou eu, entendeu? Acho que por isso as pessoas me convidam para lançar os produtos. Porque talvez eu consiga abrir as portas com mais facilidade do que as pessoas menos conhecidas... ou talvez até pessoas conhecidas, mas por sua antipatia... eu sou uma pessoa conhecida pela simpatia.
Faz parte da visita contar as suas histórias, e vender o seu peixe…
 
Rede Record
Eu estava um tempão fora do ar; de repente na mesma semana, ou na semana seguinte, me liga meu amigo Ricardo Fremder, o responsável pela vinda do SuperMarket para o Brasil em 1993.
Ele agora era o superintendente comercial da TV Record: "Xará! Vamos fazer de novo o Super Market, agora dessa vez aqui na Record". Refinações de Milho Brasil vai patrocinar, nós vamos fazer, vai ficar dentro do Note e Anote". Daí eu falei: "Ai, caramba! Agora eu vou ter que pedir demissão lá da Mega". Desde o começo, quando eu fui contratado pela Mega, eu falei para o Phillipe e para os outros sócios do Rio, o Líber, Luís Afonso e o Álvaro, que o meu negócio era televisão, música. Então foi tranquilo para eles, aceitar que eu estava sendo contratado por uma das grandes redes do Brasil, e lá fui eu apresentar o "SuperMarket" na Record.
Mas foi um furo na água... Um desastre! Foi muito bem produzido, uma ótima equipe, não ficou devendo nada aos programas produzidos na Band e na Post Plus.
Mas eu acho que o programa entrou na grade de uma forma errada. O SuperMarket tem o mesmo princípio de uma partida de tênis: três sets. Só que na Record, o tempo entre um set e outro variava sempre, e o telespectador esperava de quinze a trinta minutos para assitir ao set seguinte.
Resultado: Ficou só seis meses no ar, e acabou!
Durante aquele período, eu era um dos caras mais ocupados da TV: Além de apresentar o "Via Satélite" ao vivo de segunda à sexta, eu gravava duas ou três vezes por semana uma média de quatro SuperMarket, por dia. Gravei ainda um "Top TV" especial dos cinqüenta anos da televisão brasileira, e chegaram a anunciar que eu seria o novo apresentador do "Top TV", um game show semanal sobre… TV! O antigo apresentador, Dalton, saiu para fazer novela, onde se deu muito bem, remember O Clone? De novo, fui chamado para substituir um apresentador.
Cheguei a gravar o programa numero 1 e pelas minhas contas, eu ia ter um programa semanal e dois diários, na Record e na Rede Mulher. Mas…de repente… cancelaram o "Top TV", e o "SuperMarket" (janeiro de 2001) e pouco tempo depois (maio) cancelaram o "Via Satélite". O "Via Satélite" saiu para ceder o espaço para a Igreja "Fala Que Eu Te Escuto" Universal.
De repente, do cara mais ocupado da televisão, passei a ser o cara mais desocupado da televisão brasileira. Fiquei um mês bem chateado.
 

Hoje o Blues com Ricardo Côrte Real na Rádio Kiss

Um mês sem nada... de repente pintou uma coisa legal. Uma amiga me disse para procurar uma pessoa, o Adhemar Altieri, que tinha um projeto de rádio que, segundo ela, era a minha cara.
Daí eu liguei para outra amiga, a Regina Bruni, para pedir o telefone do Adhemar. Ela falou: "O que que você quer com ele?" "É que eu fiquei sabendo que ele está fazendo um projeto de rádio legal e eu estava interessado em conhecer", "Pode vir, eu sou diretora do projeto na área comercial dessa rádio". Daí eu fui contratado ao mesmo tempo como executivo comercial da rádio Kiss FM e como produtor e apresentador dos programas "House of Blues" e "Blues Breaks", programas que fizeram um ano agora em agosto. E a Kiss está um sucesso!
Eu fui ver nessa semana os números do IBOPE, e eles estão muito bons!
Além de fazer os programas eu ouço a Kiss direto porque eu adoro! Acho muito boa a rádio, muito boa! Fiquei seis mêses na área comercial e continuo fazendo os programas. É a primeira vez que eu faço rádio, e está sendo uma bela surpresa. É totalmente diferente... Tem alguma coisa a ver com aquela sensação que o livro traz... que é o não ver. No caso do livro, você não vê e você não ouve, você imagina o som, a imagem, tudo o que você quiser. No rádio, a voz e os sons te levam às imagens.
Tenho recebido muitos e-mails de ouvintes dos doze aos oitenta anos. O Blues é uma música muito simples, mas muito forte ao mesmo tempo, e pega pessoas de todas as faixas etárias.
O Blues tem sido um veículo incrível para a minha necessidade de comunicação e fazer rádio é uma delícia porque eu adoro música e adoro falar... Às vezes eu faço o texto e improviso em cima do texto, às vezes eu não faço o texto e improviso o tempo todo, principalmente quando faço o programa ao vivo. A Rádio Kiss é na Paulista no 2200, quinto andar. Em geral, são três programas gravados e um ao vivo por mês.
E acrescentando, a rádio ganhou na semana passada (Setembro de 2002) o prêmio "Marketing Best".
 

Bandas até chegar no "Trimbo Zio"

É uma brincadeira que o meu tio Dirceu fazia: Fradinho Coutique, Brigantónio Luís Andeiro, era uma brincadeira de inverter os nomes. E um dia: "Que nome nós vamos colocar nessa banda?"
Daí começou o ‘brain storming’, ou ‘tormenta de parpite’, e de repente, Trimbo Zio!
E a banda ficou como Trimbo Zio. Eu tive, durante um bom tempo, uma parceria com um amigo meu... isso é interessante... o Fran Papaterra. A gente se conheceu num acampamento de férias e ficamos amigos, convivendo direto até os quatorze, quinze anos, e depois sumiu na poeira.
A gente se reencontrou lá pelos trinta e formamos uma parceria que dura até hoje, inclusive há uma ano moramos no mesmo condomínio. Durante um bom tempo a gente tocou juntos.
Ele é um compositor de mão cheia e está brincando que vai comemorar agora trinta anos de anonimato... mas é óbvio que ele está exagerando. Ele entrou no festival da Globo por duas vezes, mas continua, por alguma questão, anônimo. E eu brinco que eu sou o maior intérprete vivo de Fran Papaterra, na Terra! Nós tivemos algumas bandas, ou melhor, uma banda só que mudou de nome várias vêzes: Filhinhos de Papai, Awika ( grito de guerra dos incas venuzianos, inimigos do Nacional Kid ), Freud Explica e no fim Tênis e Terno, que é o nome da dupla e que me apareceu em um sonho. A gente tocou bastante até o começo dos 90, depois parou. Mas a dupla existe até hoje, porque afinal, nós dois estamos vivos, conversamos bastante e temos tocado juntos de novo.
O Trimbo Zio começou há uns cinco anos, depois que reencontrei o Gaspar, meu melhor amigo do primário. Conheço o cara desde os sete anos de idade, conheço ele há 43 anos.
Ele é o nosso baterista, vocalista e engenheiro de som. O Paulo Flores que é colega de ginásio, é um puta médico legal, contrabaixista maravilhoso, amigo, meu compadre. Ele era meu colega de ginásio e o baixista dos Pulguentos. Hoje ele é o baixista e vocalista do Trimbo Zio.
O tecladista e flautista do Trimbo Zio é o Christian Kirmayr, sobrinho do Carlos Kirmayr que era o baterista dos Pulguentos. No começo, a gente estava chamando o nosso trabalho rock miscelânea. Mas agora a gente está se aprofundando no blues, por uma questão quase que óbvia.
E continuamos a tocar Beatles, Stones, Hendrix, paródias do meu pai, jingles, algum tango se me dá na louca e músicas próprias, mas basicamente é blues e rock’n roll.
 
A voz da TV
Durante quase quatro anos, participei de um grupo chamado Juke Box, depois rebatizado como "Peças Originais". Nós fazíamos um musical, "A Voz da TV".
Eram nove pessoas no palco, cantando a história da televisão através dos jingles e seriados da televisão. Ficou dois anos no teatro Paulista e um ano no teatro Santa Catarina.
A gente se divertia muito fazendo shows, eventos de publicidade, aniversários... era uma onda... A gente chegava num apartamento ou numa casa de alguém que estava fazendo entre quarenta e cinqüenta anos, geralmente a mulher contratava a gente em sigilo, e nós entrávamos no meio do aniversário do cara e tam-tam-tam-tam: "(música do Repórter Esso) "Repórter Esso, a testemunha ocular da história apresenta os quarenta anos de Maurício Valim! Maurício Valim nasceu na época em que as mulheres usavam Creme Rugol... (As rosas desabrocham com a luz do sol e a beleza das mulheres com o Creme Rugol)". Daí a viagem ia até o D.D.Drim, passando pelo Vigilante Rodoviário, Flintstones, Top Cat, ‘Pim-Pam-Pum, Estrêla...’
Fazíamos vinte minutos de show, o cara ficava louco. Tinha gente que chorava, todo pessoal da festa ficava emocionado... E a gente ia embora: "Tchau, a gente vai embora no carro do Speed Racer! Go Speed Racer, Go Speed Racer, Go Speed Racer, Go, Yeah!".
 

Departamento Comercial da Connect

Fiquei na área comercial da Kiss até Fevereiro de 2002, quando saí para entrar na mesma área na ConnectTV, para comercializar a TV Cultura que eu tanto admiro e assisto. Ao mesmo tempo, fui convidado pela TV Cultura para fazer dois pilotos que você, Valim, dirigiu, de um game show com estudantes. Eu fiquei bem contente com o resultado do segundo piloto.
Gosto de crianças, gosto de estudantes... na verdade eu gosto de gente, interagir com pessoas. Então foi bem interessante porque foi mais um desafio para o meu currículo e vai ser melhor ainda se for para o ar.
E como dizia meu pai: "Está no ar? Então viva a atmosfera!"
Muito obrigado Valim e Soraya, por terem não só me ouvido, como registrado tudo o que eu falei nessas boas horas que passamos juntos. Espero que os visitantes do TUDO SOBRE TV aproveitem bem esse conteúdo, tanto quanto eu gostei de passá-lo para vocês.

 
PRIMEIRA PARTE
 
© MAGIA Comunicações
1998 - 2002